A aula acabou por volta das 22 horas e 20 minutos e fui esperar o ônibus no mesmo lugar de sempre: um pracinha que fica bem próxima à faculdade. A espera desta vez nem foi tão demorada (o que é bem raro) e quando o ônibus chegou subi e caminhei para a parte de trás (minha poltrona é uma das últimas). Muita gente havia faltado e havia muitos lugares vazios, como a poltrona ao lado da minha, que fica na janela, onde eu me sentei.
Talvez pelo fato de ser, finalmente, sexta-feira as pessoas que estavam sentadas mais na frente estavam bem agitadas e se divertiam gritando, comemorando o fato de as aulas terem acabado e já estarmos voltando para casa. Uma dessas pessoas que gritava era minha prima, e, se eu não estivesse tão cansada, provavelmente estaria me "divertindo" com ela, mas o desânimo parecia ter encarnado em mim naquele momento, então tudo o que fiz foi pegar meu celular e colocar meus fones de ouvido, abrir a janela e me encostar na poltrona. Lá fora, ainda na cidade, não havia tanto movimento nas ruas. Já passava das 23 horas quando passamos pelo último poste da cidade e mergulhamos em uma silenciosa escuridão. Com o ônibus em movimento, um vento forte e frio entrava pela janela bagunçado meus cabelos e aquilo me fez lembrar de uma frase que havia visto há muito tempo "Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe pra onde ir" e aquilo me fez refletir um pouco, enquanto olhava para a janela. "Não é aqui que eu verdadeiramente gostaria de estar. Queria estar em um lugar distante e diferente" foi o que pensei. Fechei os olhos. A música ainda tocava em meu celular, sentia o movimento do ônibus e o vento frio que entreva pela janela ao meu lado esquerdo. Abri os olhos novamente. Para minha surpresa e espanto, as paredes do ônibus haviam desaparecido, mas ele ainda assim estava em movimento. Olhei para os lados e vi meus colegas dormindo em suas poltronas. Virei-me para onde deveria estar a janela e vi os vultos das árvores passando por mim. A lua estava se parecendo com a lâmpada fluorescente do meu quarto, iluminando, ligeiramente, os campos com sua luz prateada. De repente, um nevoeiro surgiu como uma onda, engolindo tudo à frente.
Minha visão ficou embaçada e senti uma tontura. Queria fechar meus olhos, que lacrimejavam, mas não conseguia. Olhei para baixo, e vi que estava flutuando. Lentamente, subia e subia. Pensei em gritar, mas do que adiantaria?! Nada fazia sentido, então procurei me acalmar e me deixei ser levada. Cada vez mais alto fui ficando, até que senti que estava atravessando algo. Eram nuvens negras. A lua desapareceu e fiquei na escuridão novamente. Estava frio mas não queria me mexer, com medo de cair. Então, um pequeno feixe de luz bateu em meu olho direito. Reuni coragem e comecei a esticar minha mão em direção àquela luz. Subitamente comecei a subir mais rápido e a luz foi crescendo e se intensificando cada vez mais até que não conseguia mais enxergar nada além do branco.
Tentei fechar os olhos mais uma vez e consegui. Quando abri novamente, percebi que havia dormido a viagem inteira e já estava chegando ao lugar onde eu desceria para ir para minha casa.
Um comentário:
Tayna e seus textos cheios de dramas kkkk amei a tua percepção abiguinha , o texto ficou muito bom >,<
Histórias e outras Drogas
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